Rebeldia

17-12-2010 16:18

Ícone da rebeldia nos games, 'Grand Theft Auto' volta à ativa

"Agora posso votar, e vou votar em qualquer um que não seja a Hillary Clinton". A frase é de Sam Houser, produtor de "GTA" que deixou claro em entrevista à edição de abril da revista EGM sua paixão pela cultura americana e sua motivação ao se naturalizar cidadão dos EUA. Agora ele pode votar, e não vai votar na senadora que pediu que a produtora Rockstar fosse investigada por seus jogos polêmicos - "Bully", "Manhunt" e o próprio "GTA".

 

Foto: Reprodução
Polêmica através dos tempos: 'GTA I' (1), 'GTA II' (2), 'GTA III' (3), 'GTA San Andreas' (4)  (Foto: Reprodução)

 

"GTA" (sigla para "ladrão de carros", em inglês) nasceu em 1997 como um inovador mas limitado "jogo de roubar carros" e tornou-se ícone da rebeldia nos games a partir de "GTA III", lançado em 2001. Na visão dos defensores dos "bons costumes", trata-se do "jogo de atropelar velhinhas e violentar prostitutas". Na visão dos jogadores, é uma das experiências interativas mais divertidas e intensas do mundo dos games.

Os personagens de "GTA" sempre estiveram na mira da lei - geralmente, aventureiros recém-saídos da prisão. As missões principais sempre envolveram pilotagem de carros, explosões e uso de armas, colocando o jogador na posição de fora-da-lei e garantindo uma coleção de polêmicas para produtora Rockstar.

 

  Bem-vindo à América

"GTA IV", que tem lançamento previsto para 29 de abril, depois de ser adiado em 2007, é a seqüência mais aguardada da franquia, e um dos principais lançamentos de 2008. Novamente, o jogador tem um mundo 3D aberto à exploração e liberdade para decidir o que fazer, e como – desde assaltar inocentes e fugir da polícia até passar a vida dirigindo um táxi ou uma ambulância.

 

Foto: Divulgação
Táxis amarelos, lanchonetes e trânsito. O sonho americano amanhece em Liberty City (Foto: Divulgação)


"GTA Vice City" reproduziu Miami para homenagear os anos 80. "GTA San Andreas" criou um mini-estado com três cidades envoltas no hip-hop dos anos 90. Agora a série estréia na nova geração de videogames (Xbox 360 e PlayStation 3) e eleva o grau de realismo e polêmica das aventuras por Liberty City, a cidade baseada em Nova York.

 

  Ficha criminal
 

A estrutura de jogo é a mesma que consagrou a série. O jogador comanda o personagem principal por uma metrópole recheada de gangues, autoridades corruptas e promessas de uma vida melhor. Vai dirigir carros, motos, conhecer pessoas e fazer o possível para alcançar seus sonhos – o que geralmente envolve atividades ilegais e o confronto com a lei.

O herói de "GTA IV" é Niko Bellic, imigrante do leste europeu que chega à Liberty City para concretizar seu sonho americano de liberdade e uma vida digna. Ele é convidado pelo primo Roman, dono de um companhia de táxi, para começar vida nova – mas, é claro, nem tudo é tão simples.

 

 

Foto: Divulgação
Tensão nas ruas: o jogo começa com um alerta de atentado terrorista (Foto: Divulgação)


As habilidades de Niko já dão pistas sobre as emoções que aguardam o jogador. Ele pode se agarrar a caminhões em movimento (perseguições policiais), ligar para os amigos com seu celular (relacionamentos sociais) e desferir golpes de Krav-Magá (confrontos corpo-a-corpo). O anti-herói vai utilizar internet para pesquisar sobre as pessoas e estará inserido em uma cidade viva, onde policiais e moradores terão comportamento mais realista que nas versões anteriores.

Se em "San Andreas" o jogador passava muito tempo cultivando o próprio visual, em "GTA IV" ele vai ter de se preocupar mais com a rede de amigos. O celular "smartphone" de Niko é o elo de ligação com os amigos e informantes que dão seqüência às missões do jogo. Vai ser possível encontrar com alguém para uma partida de sinuca ou dardos, por exemplo. Mas se você esquecer os amigos, começará a receber mensagens no celular cobrando sua presença.

  Viva a América

"Uma ousada experiência social que deu terrivelmente errado" – é apenas uma das frases que o site oficial de "GTA IV" usa para definir Liberty City, lugar onde "o capitalismo e egos gigantes colidem". Essa abordagem mostra uma crítica à sociedade moderna americana que está presente em cada centímetro de "GTA IV".

Seja na rádio de notícias "mais patriótica do pedaço" ou no serviço de relacionamentos amorosos para pessoas desprezíveis, a visão ácida de "GTA" é cada vez mais implacável.

Liberty City, baseada em Nova York, vai ter os lugares típicos da metrópole: hotel, lanchonete, casa noturna, bairros de subúrbio, centro empresarial. Até mesmo a Estátua de Liberdade aparece no jogo – rebatizada de "Estátua da Felicidade".

Seguindo a tradição, "GTA IV" vai ter minijogos que podem ser desfrutados a qualquer momento. Um dos mais polêmicos vai desafiar o jogador a dirigir bêbado, o que só reforça a idéia de que "GTA" é um jogo para adultos – por mais que os não-iniciados vejam nisso um paradoxo.

  Novos rumos

Uma das cobranças mais antigas dos jogadores vira realidade em "GTA IV": o modo multiplayer, que reúne jogadores em partidas on-line. Serão 15 opções diferentes, e até 16 jogadores poderão participar de uma mesma batalha.

Embora não seja uma versão RPG on-line de "GTA", o modo multiplayer vai permitir que o jogador personalize seu herói, escolhendo até o tipo de voz, e explore Liberty City tanto em corridas de carro quanto em seções de mata-mata tradicionais em jogos de tiro.

Para facilitar as coisas, o mundo ficou menor. Se "GTA San Andreas" reproduzia um miniestado com três cidades, "GTA IV" se resume a Liberty City, mas os criadores dão pistas de que a lista de tarefas e a vida útil do jogo será surpreendente. E, para quem não dorme sem sonhar com dados técnicos, fica o recado: as versões do jogo para Xbox 360 e PlayStation 3 serão idênticas, garante a Rockstar.

A única diferença, por enquanto, é que o Xbox 360 terá pelo menos dois novos episódios lançados a partir de agosto de 2008. Essas expansões estarão disponíveis na rede Xbox Live, e o download será cobrado – mas o preço ainda não está definido. Estima-se que cada novo episódio acrescente até 10 horas de novas missões à história principal.